O turismo espacial é uma das mais fascinantes inovações do século XXI, representando um novo patamar na forma como humanos experienciam o universo. Paulo Cabral Bastos evidencia que muito além das viagens de avião e dos cruzeiros intercontinentais, essa nova fronteira permite que civis, sem treinamento militar ou científico, possam ver a Terra do espaço e experimentar a ausência de gravidade. A ideia de visitar o cosmos sempre fez parte do imaginário popular, alimentada por filmes, livros e teorias futuristas.
No entanto, o que antes era restrito a astronautas treinados por agências governamentais, agora começa a ganhar um novo público-alvo: turistas milionários e, num futuro não tão distante, pessoas comuns. Esse setor emergente une ciência, tecnologia e luxo de maneira inédita — e está apenas no início de sua jornada.
Quem são os pioneiros dessa nova era espacial?
Empresas privadas como SpaceX, de Elon Musk, e Blue Origin, de Jeff Bezos, lideram essa nova corrida espacial, desta vez com foco em fins comerciais. A SpaceX foi a primeira a enviar civis ao espaço em uma missão orbital, com a missão Inspiration4, em 2021, que marcou um divisor de águas ao demonstrar que o turismo espacial poderia ser viável e seguro. Já a Blue Origin aposta em voos suborbitais, com sua cápsula New Shepard, oferecendo alguns minutos de microgravidade e vistas espetaculares do planeta azul.
Segundo Paulo Cabral Bastos, esses pioneiros estão construindo uma nova indústria baseada na reutilização de foguetes, redução de custos operacionais e criação de experiências únicas para o público pagante. Outras empresas, como Virgin Galactic e Axiom Space, também entram nessa disputa, ampliando a diversidade de opções para diferentes perfis de clientes e objetivos de viagem.

Como funcionam essas viagens espaciais?
De acordo com Paulo Cabral Bastos, as viagens espaciais comerciais geralmente seguem dois formatos principais: suborbitais e orbitais. As suborbitais, como as oferecidas pela Blue Origin, envolvem uma rápida subida ao espaço (passando da Linha de Kármán, a cerca de 100 km da superfície da Terra), seguidos por alguns minutos de ausência de gravidade antes da reentrada e pouso vertical.
Já as orbitais, como as da SpaceX, envolvem colocar os turistas em órbita ao redor da Terra por dias, podendo até incluir visitas à Estação Espacial Internacional (ISS) ou estadias em módulos comerciais em desenvolvimento. Ambas as opções requerem intenso treinamento prévio, protocolos de segurança rigorosos e uma equipe altamente especializada para garantir que cada segundo da jornada seja tanto espetacular quanto seguro.
Quem pode ser um turista espacial hoje?
Atualmente, o perfil dos turistas espaciais é bastante restrito: milionários ou bilionários que podem pagar valores que variam de US$ 250 mil a dezenas de milhões de dólares, dependendo da duração e tipo da missão. Além do fator financeiro, é necessário passar por avaliações médicas e um breve treinamento físico e psicológico, para garantir que o passageiro consiga lidar com as exigências extremas de uma viagem fora da Terra.
No entanto, a longo prazo, as empresas visam democratizar esse tipo de turismo, tornando-o acessível a um público mais amplo — algo semelhante ao que aconteceu com a aviação comercial. Paulo Cabral Bastos enfatiza que assim, o turismo espacial pode um dia se tornar tão comum quanto voar de um continente a outro.
Existem riscos ou críticas em relação ao turismo espacial?
Como qualquer forma de inovação disruptiva, o turismo espacial não está isento de críticas, ressalta Paulo Cabral Bastos. Especialistas apontam para os impactos ambientais causados pelas emissões dos foguetes, além do risco de elitização do espaço, transformando-o em um “playground” para os super-ricos. Há também preocupações sobre a regulamentação internacional, segurança dos voos e sustentabilidade a longo prazo.
Autor: Ekaterina Smirnova