A conciliação entre recuperação judicial e sustentabilidade é um tema cada vez mais presente no cenário empresarial moderno. Como pontua o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, sócio do escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados, esse alinhamento é não apenas possível, mas essencial para garantir a perenidade das empresas em um ambiente de negócios cada vez mais exigente.
Assim sendo, o diálogo entre sustentabilidade e reestruturação financeira representa uma oportunidade para reconstruir o valor corporativo e restaurar a confiança de credores, investidores e da sociedade. Pensando nisso, em seguida, entenderemos como práticas sustentáveis podem fortalecer os planos de recuperação.
Como a sustentabilidade pode ser incorporada à recuperação judicial?
A sustentabilidade vai além das ações ambientais, conforme frisa o Dr. Lucas Gomes Mochi, também sócio do escritório. No contexto empresarial, ela abrange governança, ética, responsabilidade social e eficiência operacional. Isto posto, para empresas em recuperação judicial, adotar práticas sustentáveis pode significar reduzir desperdícios, repensar processos produtivos e implementar estratégias que equilibram o aspecto econômico com o social e o ambiental.

O núcleo de Recuperação Judicial do escritório Pimentel & Mochi destaca que empresas que aplicam políticas de sustentabilidade durante a reestruturação tendem a conquistar mais credibilidade no mercado e junto ao Poder Judiciário. Isso porque demonstram um compromisso com a função social da empresa e com a manutenção de empregos, pilares centrais da Lei nº 11.101/2005, que regula o instituto.
De acordo com o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, a sustentabilidade dentro do processo de recuperação judicial também se traduz em governança responsável. Logo, empresas que investem em transparência e ética fortalecem suas negociações com credores e reduzem a resistência a seus planos de pagamento, tornando a superação da crise mais viável e legítima.
Quais práticas ESG podem fortalecer planos de recuperação judicial?
Empresas que atravessam uma crise financeira muitas vezes se concentram apenas em ajustar contas e renegociar dívidas. No entanto, segundo o Dr. Lucas Gomes Mochi, o uso de práticas ESG (ambiental, social e governança) pode trazer diferenciais estratégicos durante o processo. Tendo isso em vista, entre as práticas mais relevantes, destacam-se:
- Gestão ambiental eficiente: adoção de medidas de economia de recursos naturais e redução de impactos ambientais, o que pode inclusive atrair linhas de crédito sustentáveis.
- Responsabilidade social: valorização dos colaboradores, apoio a comunidades locais e cumprimento de obrigações trabalhistas como forma de manter o engajamento interno e externo.
- Governança corporativa sólida: transparência nas informações financeiras e jurídicas, bem como na execução do plano de recuperação, fortalecendo a imagem da empresa perante credores e o Judiciário.
Essas ações, quando integradas de forma planejada, ajudam a demonstrar que a empresa não busca apenas sobreviver, mas reconstruir sua base de forma sólida e ética. No final, essa postura melhora o diálogo entre as partes envolvidas e reforça a confiança na viabilidade do plano.
Sustentabilidade é compatível com empresas em crise financeira?
A recuperação judicial não deve ser vista apenas como uma medida emergencial, mas como um reposicionamento estratégico. Mas, para isso, é fundamental que a empresa enxergue a sustentabilidade como investimento de médio e longo prazo, e não como custo imediato. Isto posto, empresas que adotam esse “mindset” conseguem atrair investidores comprometidos com princípios ESG, além de manter contratos e clientes que valorizam boas práticas de gestão.
Esse comportamento tende a reduzir riscos de falência e a melhorar a imagem pública da companhia durante o processo, conforme pontua o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel. Assim sendo, o grande desafio é transformar a cultura organizacional para que a sustentabilidade seja incorporada como valor, e não apenas como estratégia de marketing. O que significa integrar práticas responsáveis à governança, à tomada de decisões e às operações do dia a dia.
Um novo olhar sobre o futuro das empresas em recuperação judicial
Em conclusão, o alinhamento entre recuperação judicial e sustentabilidade representa uma evolução necessária no modo de pensar o direito empresarial. Desse modo, a empresa que busca reestruturar suas finanças também precisa reconstruir sua reputação e seu propósito. Incorporar práticas ESG ao plano de recuperação é um passo decisivo para transformar a crise em oportunidade.
Autor: Ekaterina Smirnova