FIDCs imobiliários: o que são e como funcionam, de acordo com a análise de Rodrigo Balassiano

Ekaterina Smirnova By Ekaterina Smirnova
Rodrigo Balassiano detalha como os FIDCs imobiliários funcionam e seu papel no financiamento do setor.

Com o crescimento do mercado de crédito privado e a necessidade de soluções mais ágeis para financiar empreendimentos, os FIDCs imobiliários vêm ganhando espaço como alternativa relevante no setor de investimentos. Esses fundos, que operam com base na aquisição de direitos creditórios relacionados ao mercado imobiliário, oferecem uma estrutura eficiente para originadores, investidores e incorporadoras. Segundo o especialista Rodrigo Balassiano, essa modalidade é uma ponte entre o crédito estruturado e o desenvolvimento do setor imobiliário brasileiro.

Os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) são veículos financeiros voltados à aquisição de recebíveis originados por transações comerciais, empréstimos ou prestações de serviços. No caso dos FIDCs imobiliários, o foco recai sobre recebíveis vinculados a operações como vendas de imóveis, financiamentos, locações e outros instrumentos típicos do setor.

O que são FIDCs imobiliários e quais seus diferenciais

Os FIDCs imobiliários funcionam como fundos que compram direitos creditórios — ou seja, créditos a receber — ligados a negócios do setor imobiliário. Esses créditos podem vir de contratos de compra e venda de unidades, parcelas de financiamentos habitacionais, aluguéis ou mesmo instrumentos de repasse bancário.

De acordo com Rodrigo Balassiano, o principal diferencial dessa estrutura é a possibilidade de transformar ativos futuros em liquidez imediata. Para incorporadoras, loteadoras e empresas do setor, isso representa um alívio de caixa e uma fonte estratégica de financiamento fora do sistema bancário tradicional.

Ao mesmo tempo, os investidores se beneficiam da possibilidade de aplicar recursos em ativos de renda fixa com remuneração atrelada a um segmento econômico relevante e, muitas vezes, resiliente a oscilações pontuais de mercado. Tudo isso com a segurança proporcionada por critérios técnicos de seleção dos créditos.

Estrutura e operação dos FIDCs imobiliários

A estrutura de um FIDC imobiliário segue o modelo padrão dos fundos de direitos creditórios. O fundo é composto por cotistas, um administrador fiduciário, um gestor e, em muitos casos, um agente de cobrança. Os créditos são adquiridos de originadores — geralmente incorporadoras ou empresas com carteira de recebíveis imobiliários — e passam a compor o portfólio do fundo.

Segundo Rodrigo Balassiano, os FIDCs imobiliários são instrumentos eficientes para estruturar recebíveis do mercado imobiliário.
Segundo Rodrigo Balassiano, os FIDCs imobiliários são instrumentos eficientes para estruturar recebíveis do mercado imobiliário.

Segundo Rodrigo Balassiano, a governança e a qualidade da originação são aspectos centrais para o bom funcionamento do fundo. É preciso avaliar criteriosamente os contratos, a solidez do devedor, as garantias envolvidas e o histórico da empresa originadora. A inadimplência, apesar de previsível em alguma medida, deve ser monitorada com rigor para preservar o rendimento e a segurança dos cotistas.

A rentabilidade do fundo é baseada na performance da carteira de recebíveis e nos pagamentos realizados pelos devedores. O administrador é responsável por prestar contas aos cotistas, controlar a contabilidade e garantir a conformidade com as exigências da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Vantagens e riscos para investidores e originadores

Para os originadores, os FIDCs imobiliários representam uma alternativa viável de capitalização, que dispensa as exigências rígidas de garantias reais dos financiamentos bancários. Isso permite acelerar projetos, ampliar vendas a prazo e melhorar o fluxo financeiro das operações.

Do lado do investidor, a vantagem está na diversificação de portfólio, com acesso a ativos com bom retorno e lastro em créditos reais. Conforme aponta Rodrigo Balassiano, a previsibilidade de fluxo e a possibilidade de estruturar fundos com diferentes graus de risco tornam os FIDCs uma ferramenta versátil para diferentes perfis de investidor.

Contudo, como em qualquer investimento em crédito, existem riscos. O principal é a inadimplência dos devedores, o que pode comprometer a distribuição de rendimentos. Por isso, a análise criteriosa da carteira e a experiência da equipe de gestão são fundamentais.

Perspectivas para o crescimento dos FIDCs imobiliários

O avanço da digitalização e a ampliação do mercado de securitização vêm fortalecendo o ecossistema dos FIDCs imobiliários. A tendência é que esse tipo de fundo se torne ainda mais acessível, com plataformas especializadas, maior padronização de práticas e aumento da transparência.

A experiência de Rodrigo Balassiano indica que, à medida que o mercado imobiliário se sofistica, a demanda por estruturas alternativas de crédito também cresce. Nesse cenário, os FIDCs tendem a ocupar um papel estratégico na conexão entre recursos financeiros e a expansão urbana sustentável.

Autor: Ekaterina Smirnova

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